sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"Suportar a vaziez.
Sem fanfarras, o vazio não carece delas."
- Estética da Recepção, Waly Salomão -

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

AMIGO


"Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça aos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por que é que é."

(Por Guimarães Rosa, em 'Grande sertão: Veredas'
.)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


"Tem sempre gente espiando a vida alheia, melhor eu ir na frente."

(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ah se eu pudesse entender o que dizem os seus olhos...



"Também acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus”. (Chico Buarque – Leite Derramado)





"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar

Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar"
(Tom Jobim)



"(...)Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me." (Machado de Assis - Dom Casmurro)


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


“- Mas afinal de contas, Emília, que é que você é?
Emília levantou para o ar aquele implicante narizinho de retrós e respondeu:
- Sou a Independência ou Morte.” (Memórias da Emília - Monteiro Lobato)




"- Sou de pano, sim, mas de pano falante, engraçado paninho louco, paninho aqui da pontinha. Não tenho medo de vocês todos reunidos. Aguento qualquer discussão. A mim ninguém embrulha nem governa. Sou do chifre furado – bonequinha de circo. Dona Quixotinha …” (Dom Quixote das Crianças - Monteiro Lobato)



“(…)–A loucura é a coisa mais triste que há…
- Eu não acho – disse Emília – Acho-a até bem divertida. E, depois, ainda não consegui distinguir o que é loucura do que não é. Por mais que pense e repense, não consigo diferençar quem é louco de quem não é. Eu, por exemplo, sou ou não sou louca?
- Louca você não é Emília – respondeu Dona Benta. – Você é louquinha, o que faz muita diferença. Ser louca é um perigo para a sociedade; daí os hospícios onde se encerram os loucos. Mas ser louquinha até tem graça. Todas as crianças do Brasil gostam de você justamente por esse motivo – por ser louquinha.
- Pois eu não quero ser louquinha apenas – disse Emília. – Quero ser louca varrida, como D. Quixote – como os que dão cambalhotas assim…” (Dom Quixote das Crianças- Monteiro Lobato).




"(...) Antes de pingar o ponto final quero que saibam que é uma grande mentira o que anda escrito a respeito do meu coração. Dizem todos que não tenho coração. É falso. Tenho, sim, um lindo coração – só que não é de banana. Coisinhas à toa não o impressionam; mas ele dói quando vê uma injustiça.”
(Reinações de Narizinho/Memórias de Emília – Monteiro Lobato)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Mas eu me mordo de ciúme

"Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme".
(Caetano Veloso)


"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta". (Chico Buarque – Leite derramado)


“O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa de seu feiura”. (Chico Buarque – Leite Derramado)










Sinceramente não sou de sentir ciúme. Melhor, até tenho, mas nada asfixiante...e demonstrar é outra história. Não sei se baseada na minha própria atitude, mas sempre que um ciumento lança os olhos sobre mim, ele esperneia sozinho. Sempre ignorei esse tipo de manifestação. Em uma situação muito diferente, mas com um comentário sob medida, Rett Butler cai como uma luva: "- Frankly, my dear, I don't give a damn!". Ou, como diria Jaiminho, o carteiro do Chaves, "eu prefiro evitar a fadiga".

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AH SAUDADE...


Saudade segundo o Aurélio é: "Substantivo feminino - Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia.”

Rubem Alves já dizia, "a dor da ausência física tem o nome de saudade. Saudade tem cura. A saudade é curada quando o objeto volta".

Acho que todo escritor já falou da saudade, todo poeta já chorou por ela e qualquer músico já lhe dedilhou no violão. A saudade deve mesmo, é ser inata ao ser humano.


“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Clarice Lispector

"Ai. Saudade é uma coisa azul e amarga
com carne por fora e espinho por dentro."
Caio Fernando Abreu


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Felicidade é higiene mental."

P.S: Essa frase é da música "O habitat da Felicidade", que descobri num álbum da Zélia Duncan. Faz td sentido!!!!!Felicidade é mesmo higiene mental. Imagina o quanto poderíamos ser mais felizes se pudéssemos simplesmente 'limpar' certas coisas de nossas lembranças???

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Gosto de parque, de circo e tenho medo de cama elástica. É para os coordenados.
Não gosto de nada encravado, nem pêlo ou palavra. Muito menos raiva.
Gosto de pingo de chuva no rosto quando estou feliz, e na janela do quarto quando estou triste.
Nunca olho pra estrelas, e não sei se consigo entender aqueles que as olham todas as noites. Simplesmente esqueço que elas existem.
Não gosto de ir embora, nem de deixar as pessoas irem.
Gosto de beijo, de abraço, de abraço e de beijo...
Não gosto que me cutuquem.
Gosto de pessoas que me falam a verdade e de pessoas que me fazem sorrir (isso não precisa ser ao mesmo tempo).
Sou desorganizada. Mas não queria ser.
Odeio celular. Ainda guardo a nostalgia de poder me esconder atrás do telefone fixo de casa, aonde simplesmente ‘não estou para ninguém'.
Acredito que somos aquilo que já vivemos. Hoje agradeço meus pais pelos tantos “nãos” que ouvi na infância.
Nunca quebrei nada, mas queria um gesso cheio de declarações e assinaturas dos meus amigos.
Sou desastrada. Coleciono pontos e cicatrizes. Pelo corpo, e pela alma.
Já chorei de tristeza e de alergia. Acho que nunca de felicidade. Se estou feliz, rio e sorrio.
Já quis dormir durante dois meses e também já quis ficar acordada durante 120 horas.
Queria usar óculos na adolescência. Hoje uso e penso se não seria mais fácil operar logo de uma vez.
Meu gosto musical é antiquado. Minhas opiniões são conservadoras. Eu, pessoalmente, nem tanto.
Já quis aprender a tocar um instrumento musical. Mas me limito a tocar campainha.
Já fiz amigos de infância numa noite.
Já viajei e não quis voltar, e quando cheguei descobri que a minha casa é o melhor lugar do mundo.
Já sonhei acordada e já falei dormindo. Acredito que o mundo dos sonhos é um lugar onde a vida pode ser perfeita. Por isso mesmo, é um lugar só para passear, morar lá direto nos tiraria toda a capacidade de mudar.
Já me machuquei jogando bola e acreditando em quem não devia.
Já passei a noite acordada preocupada porque tinha que dormir.
Já descobri que parar o tempo é fácil, basta parar de fazer tudo e encarar o relógio. E logo depois descobri que isso só me faz perder bem mais tempo.
Já chorei debaixo do chuveiro pra lavar o corpo e a alma e descobri que lavar o corpo é bem mais fácil.
Já ri até a barriga doer e ficar com falta de ar.
Já quis ir embora pra Pasárgada por achar que aqui eu não sou feliz.
Amar, definitivamente me torna uma pessoa muito melhor.
Amo muito os meus pais e meu irmão. Mais que tudo na vida!
Meu nariz fica gelado quando estou com frio, minhas mãos quando estou nervosa e meu coração eu ainda não sei como.
Tenho vergonha de quase tudo. Digo isso sabendo que quase ninguém acredita.
Beijar na boca debaixo de chuva tem outro gosto.
Acredite em mim e não vou ter coragem de mentir pra você.
Sei lidar melhor com a raiva do que com a decepção, mas aprendi que no final tudo se resume a indiferença. Evitar a fadiga ainda é a melhor solução.
Amo a noite. Seja pelo silêncio da madrugada, ou pela barulheira de uma balada. À noite, quando todas as luzes se apagam, minhas idéias simplesmente se acendem.
Não sei dançar. Mas adoraria saber.
Falo muito e rápido, mas normalmente me faço entender (eu disse normalmente).
Um amigo de verdade não se perde com a distância.
Pupila e sorriso me dizem muita coisa. Mas menos do que um abraço. É nele que carrego todo meu sentimento.
Tenho saudade de muita gente, de muita coisa e de muitos lugares. Sei que um dia vou ter saudade muitas coisas que hoje não dou a menor importância. E sei que vai doer. Mas não sei se vou aprender.